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Fevereiro

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be my valentine

No mês de agosto ainda não havia gosto, apenas o seu rosto a me mirar com esses olhos que me derretem os poros e essa boca que me esquenta a roupa num calor que deixa a mente quente e o pulso acelerado, como quem comete um pecado, mas é só o ponto de ebulição. É como acordar pra vida e botar o bloco na avenida, tem uma hora que não tem mais saída: a gente joga fora a fantasia pra ostentar no peito a nossa mais esplendorosa alegoria – o coração.

No meio da confusão, fomos dois corações na contramão. No meio do breu, fomos só você e eu. No meio da multidão, você me pega pela mão e cola seu corpo no meu num movimento lento. Por um momento, seus dedos me tocam a nuca, eu me derreto feito açúcar, devagar eu encontro teu queixo que me tira do eixo, eu deixo. De mão dada já não penso em mais nada. Vamos lá pra fora onde há vida acontecendo agora, tem uma lua brilhando no céu do libido colorido dos nossos sentidos, ruídos, fluídos. Tem cheiro de mar pra saudar e um vento gelado pra secar nossos corpos suados na madrugada embriagada de estrelas, dezenas delas a se apagar no céu nu, seu nu. Deixa eu cantar pra nós dois, deixa vir o que vem depois, amor a dois, chuva de arroz.

Já não sei ao certo quando é hoje, já não sei quanto tempo faz. Só sei da paz que é ancorar no teu cais. Sinto sua maresia e seu gosto de sal a me salivar. Vejo os seus olhos a me mirar por onde quer que eu vá. Sua voz ecoa, atordoa, abençoa. A gente se cobre de chamego, sem medo ou segredo. A gente fica à toa numa boa, sua mão segura a minha cintura, o meu quadril, em novembro, dezembro, março ou abril. De janeiro a janeiro. O ano inteiro. É fevereiro.


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